quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Holocausto na passarela do samba: A Ética do artista

Holocausto na Passarela do samba : A Ética do artista .
Sagrado x profano? Falta de senso de adequação? Necessidade de causar sensacionalismo? Um novo conceito: carnaval elitista? carnaval politizado?
Bem, depois de tanta polêmica e justa antes que me julguem, estou tentando adequar o significado do artista e sua obra ao carnaval de outros tempos.
Tenho absoluta certeza que o povo que não tem direito à educação de qualidade, à saúde digna, também não tem mais o direito de construir o seu carnaval sem a ingerência política da “elite pensante”. Repetem as letras dos sambas sem entender os significados, não conhecem tampouco a história que é passada para o mundo e não recebem pelo esforço de seu desfile e preparo nos ensaios, o dinheiro aquinhoado.
O corpo vivo e a beleza estética antes exigidos nos destaques dos carros alegóricos, dá lugar ao corpo morto e sagrado, como mensagem de paz.
Não existe explicação para o inexplicável.
Tentarei falar um pouco de Ética e do Respeito e de como podemos desenvolver nesta mocidade a noção de” não eu”, para não formarmos jornalistas que preferem matérias infames ao invés de optarem pelo Big Brother Brasil.
Comecemos a”nossa viagem” pelo mundo das reflexões !
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Diante da crescente crise e inversão de valores, vivemos hoje na sociedade do pode tudo , do escândalo : “A sociedade sensacionalista”.
A banalização da agressividade, da corrupção generalizada , desinibe a violência e o “obsceno”. Atualmente até mesmo o sagrado vem sendo contestado Caímos no relativismo.
E como fica a Ética? Éthos é algo que se constrói, educa, pratica, conquista pela ação conjunta do indivíduo e sociedade (de dentro para fora). Ao mesmo tempo que a Ética está fundamentada na reflexão ou juízo crítico sobre valores humanos em conflito.
Das relações entre os homens surgem os valores que não são mais absolutos. A moral está mais associada a costumes consagrados como “Bons”, a um conjunto de preceitos, à lei, ao código de condutas: O que se recebe pronto( de fora para dentro).
Tudo está sendo revisto numa total mudança de paradigmas , este é um período de crise que nos remete a alteração de valores e consequentemente a conflitos esperados.
Como fica a educação ? Vivemos num sistema pendular, entre o excesso de proibições e o excesso de permissividade, que é conseqüência do enorme desafio de percebermos que a Ética nas relações humanas, significa responsabilidade pessoal. Hoje, a Ética representa uma condição fundamental para a liberdade, a opção com responsabilidade, com ausência de coerção e preconceitos. Requer a humildade para a diferença e a grandeza para mudar de escolha se assim for necessário para o bem comum.
A simples “Boa intenção” não é garantia do caráter Ético de uma ação. Muitas vezes o discurso mais moralista, esconde um caráter perverso e o mais democrático pode esconder um tirano.
É importante criarmos uma sociedade em que todos reflitam, questionem, para reinventar o cotidiano e novos modos de coexistência.
Como diz Roberto Romano, professor de filosofia da Unicamp: Na Ética da convivência harmoniosa o foco está no bem comum.
É importante que nossos alunos saibam que com suas escolhas não conseguirão agradar a todos, mas que saibam desagradar com respeito às demais opiniões.
Neste momento, acrescento “a magia das relações” : O Respeito.
Se aquilo que faço me fere, estou desrespeitando a mim mesmo e se aquilo que faço fere o outro, estou desrespeitando o outro. Resta saber como conciliar estas duas situações que podem tornar-se conflitantes.
Sempre recomendo o consenso, o diálogo. Muitas vezes temos que abrir mão de nossas certezas, quando a maioria pensa de forma diversa. Não digo que devemos abandonar nossas certezas. Devemos refletir, se a abandonamos ou abandonamos o grupo que estamos inseridos e que não coincide com nossos princípios. É preciso respeitar nossos princípios.
Educar é basicamente estimular a boa convivência, com senso de adequação , e limites necessários à nossa sobrevivência como também a dos grupos que estamos incluídos.
É um “Dever humano e cívico” .
É preciso saber viver em comunidade, escolher lideranças e desagradá-las quando necessário. Com respeito, devemos dizer o que pensamos sem o silêncio que muitas vezes nos leva à omissão , a conivência e a inexistência como pessoas . Passamos muitas vezes a compactuar com erros ao silenciarmos diante de absurdos e descalabros. É preciso resistência com sabedoria, para sabermos nos dobrar sem nos humilharmos, sempre maleáveis para nos reerguermos assim que possível.
É preciso saber viver com as nossas idiossincrasias e as diferenças daqueles que nos cercam. A arrogância e a certeza eterna , levam ao abismo e à solidão. É preciso saber conviver com a diversidade.


Um comentário:

Anônimo disse...

Ápós assistir o desfile resolvi acrescentar detalhes que só puderam ser percebidos, após a compreensão do enredo que misturou realidade e fantasia, lendas, ficção, prazer(Kama sutra e crianças) e terror (em Hollywood). Resta saber se o antigo carro do holocausto, proibido pela Justiça, estaria causando arrepios de que tipo?
Todos as alas foram representadas com vida e folia. A morte seria apenas das vítimas do holocausto .
Até Hitler estaria vivo, sendo representado por um folião.
Bem , foi muito bom enterrar os nossos mortos com o respeito que merecem. E não ficou claro o arrepio de Tiradentes, se ele estava vivo, sem estar enforcado.
Acredito que faça sentido a figura de Jesus na Sapucaí, no mometo de sua prisão. O branco do monte e das vestes de todos que se calavam, combinavam mais com a idéia Messiânica. Afinal Jesus falou demais e por esta razão foi para a cruz e junto com ele, uma multidão que o apoiava, com as vestes da época.
Tiradentes sempre foi "associado" à Jesus Cristo, na nossa história.
Bem , partindo da idéia de que Jesus era judeu . Respeito o carro, com suas frases coerentes, pois foram válidas para ambos: Fierj e o Paulo Barros. Liberdade de Expressão para todos!

Míriam Stolear