sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Inclusão social- Uma visão holística

"Não somos especiais e esse é o segredo do segredo. Trata-se do estágio de sabedoria daquele que conheceu o segredo de nossas qualidades e virtudes. E na condição de “não especiais” somos extremamente diferenciados. Não é pouca coisa ser dotado de inteligência e consciência e não se asfixiar no próprio ego. Nesse lugar tão digno e apropriado o ser humano redescobre o fato de “ não ser especial” como uma conquista gloriosa e libertadora.Rabino Nilton Bonder Com esta belíssima e profunda introdução, destacada do Livro “O sagrado” podemos iniciar a nossa reflexão , a partir do conceito de “não- especiais” que nos liberta do jugo opressor dos conceitos e preconceitos.Inclusão social está sendo a ação que inclui setores da sociedade até então excluídos por uma parcela da sociedade que anteriormente asfixiava-se no próprio ego, como mencionado no texto acima, sentindo-se “especiais” e julgando “não especiais” àquela que necessitava de uma atenção diferenciada. Os “especiais” excluíam os “não especias” e criavam um hiato entre os humanos.Infelizmente, a inclusão passou a ser um instrumento político que até hoje permanece na teoria , nos discursos sempre lembrados em vésperas de eleições Não é difícil recordar dos jogos pan-americanos e dos parapan-americanos e suas diferenças estruturais..Afinal, só exige necessidade especial quem não é especial. E quem serão os especiais? Partindo do novo pressuposto de não sermos especiais, como sugere o texto reflexivo de Nilton Bonder, teremos que nos dedicar a todos, sem distinção.Todos precisamos de atenção , respeitando as particularidades que nos fazem seres únicos.Numa sala de aula temos que adequar o ensino ao ritmo e as características de cada aluno. Todos merecem o mesmo respeito e a mesma atenção , assim como todos precisam se adaptar às peculiaridades de cada professor.Óbviamente as maiores resistências se encontram muitas vezes dentro do corpo docente, algumas dentro da Direção da escola e em outras dentro das famílias que se sentem em superioridade de condições .É hábito tornar este conceito ambíguo dentro da escola quando se considera aluno “ excepcional ou especial”, aquele que apresenta dificuldades ou deficiências .E o mesmo conceito deixa de ser pejorativo, quando considera-se um professor excepcional ou um mestre especial.Um dos maiores problemas que encontramos nas instituições de ensino, é a falta de profissionais da área de psicopedagogia e psicologia e o despreparo da equipe docente para lidar com tantas diferenças. Não esquecendo as cobranças de todo o restante.A aula expositiva, tão antiquada, que já serviu em tempos remotos para o modelo da época, sempre tratou todos de maneira homogênea e o silêncio dos alunos era a garantia do sucesso do professor ao repetir conteúdos a serem absorvidos pelos alunos como chamado sabiamente por Paulo Freire de “Educação Bancária”.Atualmente com tamanha diversidade em turma foi necessário alterar a didática para que todos pudessem ser avaliados de forma fidedigna.Não existem problemas de aprendizagem se não houver dificuldades no ensino.Ensinar e aprender é troca e se alguém não aprendeu é porque alguém não ensinou.Voltando às palavras do Rabino Nilton Bonder, .” Não é pouca coisa ser dotado de inteligência e consciência e não se asfixiar no próprio ego”. Professores não devem se sentir ameaçados por não conseguirem ensinar: É muito fácil atribuir as dificuldades aos alunos, seria desafiante descobrir às próprias para o aprimoramento profissional e pessoal.Reprovar um aluno sem a certeza plena de que todos os recursos foram aplicados é o mesmo que cometer “a eutanásia” . Professores são engenheiros de criaturas humanas que juntos com uma equipe multidisciplinar e à família, poderão estar facilitando o futuro de muitas vidas, salvas pela satisfação de se sentirem úteis e amadas.Esta é a educação de qualidade que tanto esperamos . Ela poderá nos fazer crer que existem chances para este país, basta vontade política.Míriam Stolear

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