segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ferramentas na Educação - Informatizar é a solução?

Um estudo realizado pela Unicamp com alunos cursando da quarta à oitava séries do ensino fundamental e a terceira série do ensino médio, demonstra que o uso intensivo do PC acaba diminuindo o desempenho dos alunos na escola. O relatório da Unicamp, examinando dados internacionais ligados ao tema, especialmente do Education Research Information Center, nos Estados Unidos, valendo-se de informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica, descobriram que os alunos que usam raramente o PC tiram notas bem melhores do que outros alunos que sempre o utilizam.
Marcos Tadeu, Professor do Departamento de Engenharia de Telecom da UFF, observa essa tendência também no ensino superior. A tecnologia agiliza as tarefas ,para quem domina o assunto, mas o desempenho do educando piora . Nota-se principalmente um declínio na Leitura e redaçãoe até mesmo uma falta de domínio do idioma. Os estudantes não conseguem interpretar o que está escrito num texto.
Usar o PC o tempo todo leva à perda de pontos em trabalhos e provas, principalmente em português e matemática. A classe social não está sendo levada em consideração, sendo de que classe for o aluno, seu desempenho é prejudicado.(informações retiradas do Jornal O globo, de 25 de fevereiro de 2008)
*********
Comentários – Percebe-se que a instrumentalização da Educação também está em crise.
Todos procuram soluções para o aperfeiçoamento do ensino mas não sabem por onde começam: Falta uma avaliação diagnóstica do problema.
Muitos acreditam que melhorariam tendo vultuosos gastos com computadores em salas de aula e mesmo assim concluíram que esta não é a saída para o impasse.
Temos que investir em Conhecimento , isto é, desenvolvimento de competências que partam de atitudes reflexivas ,construídas pela integração de conteúdos(não eu) com o pensamento crítico(Eu).
O PC pode auxiliar nos momentos em que o aprendizado já tenha ocorrido Concluo ser a Educação à distância , um modelo inapropriado ao ensino fundamental e médio. Diante do computador , o aluno pode sentir-se o não Eu.
O relacionamento entre os grupos humanos e o intercâmbio com as informações pesquisadas, podem servir de alicerces para a construção do Saber.
O afeto e a emoção fazem parte da aprendizagem . A frieza da tela(PC), distancia o aluno dos contatos e da socialização que são temperos necessários ao conhecimento e à motivação de novas descobertas.
Ninguém aprende a dirigir um veículo num videogame. A prática, o tempo de cada um, o olhar e o compartilhar, incrementam o desafio da aprendizagem. O professor deve ser o motivador ,aquele que lança questões e desafios , aquele que é ao mesmo tempo o outro e o eu mesmo. Aquele que o aluno se embaralha em afetos e desafetos. Aquele que existe e não existe . O professor é sempre um enigma e sua dualidade inspira o saber e serve de depositário de fantasias das mais variadas, daqueles que querem trocar experiências com um Ser que se dispõe a ajudá-lo em seu desenvolvimento como pessoa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Inclusão social- Uma visão holística

"Não somos especiais e esse é o segredo do segredo. Trata-se do estágio de sabedoria daquele que conheceu o segredo de nossas qualidades e virtudes. E na condição de “não especiais” somos extremamente diferenciados. Não é pouca coisa ser dotado de inteligência e consciência e não se asfixiar no próprio ego. Nesse lugar tão digno e apropriado o ser humano redescobre o fato de “ não ser especial” como uma conquista gloriosa e libertadora.Rabino Nilton Bonder Com esta belíssima e profunda introdução, destacada do Livro “O sagrado” podemos iniciar a nossa reflexão , a partir do conceito de “não- especiais” que nos liberta do jugo opressor dos conceitos e preconceitos.Inclusão social está sendo a ação que inclui setores da sociedade até então excluídos por uma parcela da sociedade que anteriormente asfixiava-se no próprio ego, como mencionado no texto acima, sentindo-se “especiais” e julgando “não especiais” àquela que necessitava de uma atenção diferenciada. Os “especiais” excluíam os “não especias” e criavam um hiato entre os humanos.Infelizmente, a inclusão passou a ser um instrumento político que até hoje permanece na teoria , nos discursos sempre lembrados em vésperas de eleições Não é difícil recordar dos jogos pan-americanos e dos parapan-americanos e suas diferenças estruturais..Afinal, só exige necessidade especial quem não é especial. E quem serão os especiais? Partindo do novo pressuposto de não sermos especiais, como sugere o texto reflexivo de Nilton Bonder, teremos que nos dedicar a todos, sem distinção.Todos precisamos de atenção , respeitando as particularidades que nos fazem seres únicos.Numa sala de aula temos que adequar o ensino ao ritmo e as características de cada aluno. Todos merecem o mesmo respeito e a mesma atenção , assim como todos precisam se adaptar às peculiaridades de cada professor.Óbviamente as maiores resistências se encontram muitas vezes dentro do corpo docente, algumas dentro da Direção da escola e em outras dentro das famílias que se sentem em superioridade de condições .É hábito tornar este conceito ambíguo dentro da escola quando se considera aluno “ excepcional ou especial”, aquele que apresenta dificuldades ou deficiências .E o mesmo conceito deixa de ser pejorativo, quando considera-se um professor excepcional ou um mestre especial.Um dos maiores problemas que encontramos nas instituições de ensino, é a falta de profissionais da área de psicopedagogia e psicologia e o despreparo da equipe docente para lidar com tantas diferenças. Não esquecendo as cobranças de todo o restante.A aula expositiva, tão antiquada, que já serviu em tempos remotos para o modelo da época, sempre tratou todos de maneira homogênea e o silêncio dos alunos era a garantia do sucesso do professor ao repetir conteúdos a serem absorvidos pelos alunos como chamado sabiamente por Paulo Freire de “Educação Bancária”.Atualmente com tamanha diversidade em turma foi necessário alterar a didática para que todos pudessem ser avaliados de forma fidedigna.Não existem problemas de aprendizagem se não houver dificuldades no ensino.Ensinar e aprender é troca e se alguém não aprendeu é porque alguém não ensinou.Voltando às palavras do Rabino Nilton Bonder, .” Não é pouca coisa ser dotado de inteligência e consciência e não se asfixiar no próprio ego”. Professores não devem se sentir ameaçados por não conseguirem ensinar: É muito fácil atribuir as dificuldades aos alunos, seria desafiante descobrir às próprias para o aprimoramento profissional e pessoal.Reprovar um aluno sem a certeza plena de que todos os recursos foram aplicados é o mesmo que cometer “a eutanásia” . Professores são engenheiros de criaturas humanas que juntos com uma equipe multidisciplinar e à família, poderão estar facilitando o futuro de muitas vidas, salvas pela satisfação de se sentirem úteis e amadas.Esta é a educação de qualidade que tanto esperamos . Ela poderá nos fazer crer que existem chances para este país, basta vontade política.Míriam Stolear